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2016: o ano que vai durar 20 anos? (Editorial)

2016: o ano que vai durar 20 anos? (Editorial)

O ano de 2016 foi marcado pela agudização da crise política e econômica no Brasil, refletindo o contexto internacional de acirramento dos conflitos sociais. A crise capitalista desencadeada em 2008 tem provocado uma crescente de instabilidades globais. Temos visto mundialmente uma ofensiva de direita que se demonstra seja na eleição do facínora do Trump nos EUA, seja nos planos de austeridade na Europa e crescimento de organizações fascistas, bem como na intensificação da retirada de direitos com Temer e esse Congresso Nacional de maioria de corrupta e conservadora.

No Brasil a crise atingiu, a partir de 2014, altas proporções e teve uma “saída” reacionária no ano passado. O desemprego que no início de 2016 beirava os 12 milhões, atingiu quase 15 milhões ao final do ano. O Governo Dilma, eleito prometendo defender as conquistas sociais – mas que colocou Levy no Ministério da Fazenda para fazer tudo diferente do que haviam propagado na campanha – foi derrubado por um golpe institucional-parlamentar, dando lugar a um governo ainda mais pernicioso. É contra esse governo Temer que hoje lutamos, mas não podemos esquecer que o fazemos sob um passivo político deixado pelo governo anterior do PT, que desorganizou e desorientou os movimentos sociais e populares.

O Governo Temer, através de uma “manobra palaciana”, assumiu o poder com o fito de efetivar um programa altamente regressivo. Trata-se de um governo apoiado pela maior parte da grande burguesia, que abandonou o governo Dilma quando este se mostrou incapaz de prosseguir com o ajuste fiscal, e por uma grande maioria do Congresso Nacional, de característica altamente fisiológica.

O chamado ajuste fiscal, para o qual o Governo não mede esforços, nada mais é do que a imposição de um modelo econômico ainda mais duro para os trabalhadores, enquanto os lucros dos grandes capitalistas seguem sendo protegidos. Em longo prazo, o objetivo desse ajuste fiscal é impor um patamar ainda maior de superexploração dos trabalhadores no Brasil. Para tanto, eles precisam retirar os direitos conquistados em décadas de luta e aumentar a subserviência do Estado aos interesses do capital financeiro na medida em que diminui a intervenção estatal na garantia dos direitos sociais. Neste sentido, os servidores públicos figuram como os primeiros alvos desse ajuste. Em todas as esferas do poder público – municípios, estados e união – vemos os servidores pagando o “pato” pela crise: perdendo salários, direitos e até sendo ameaçados de demissões.

Em 2016, em resposta aos ataques do Governo, os servidores protagonizaram diversas lutas em todo o país. Mas estas mobilizações ainda não foram suficientes para derrotar os planos de ajuste. A dispersão e a situação de defensiva ainda têm sido maiores que nossa capacidade para inverter a correlação de forças. É preciso reconhecer que estamos sendo derrotados e que para virar esse jogo não podemos repetir os mesmos erros. É preciso unificar as lutas e construir de fato uma greve geral de todos os trabalhadores do país. As Centrais Sindicais têm que construir um calendário unificado que conflua para uma data comum de greve geral.

Os técnico-administrativos das Universidades mais uma vez se colocaram na vanguarda das lutas. Fizemos uma greve muito difícil que, embora não tenha tido força de barrar a aprovação da PEC 55/16, foi importante para nos mantermos mobilizados contra essas medidas anti-trabalhadores. E estamos a postos para nos somarmos na construção da tão aguardada e necessária greve geral. Além do arrocho salarial a que estamos submetidos, sabemos que nossos direitos estão sendo gravemente ameaçados. O reajuste salarial que recebemos a partir de 2016, e que teve a última parcela incorporada a partir da folha de janeiro do corrente ano, já foi corroído pela inflação. Mas nossa luta não foi em vão: enquanto em diversos estados os servidores estão tendo atrasos constantes e cortes absurdos em seus salários, na greve de 2015 conquistamos ao menos um paliativo contra as perdas salariais.

 Não podemos baixar a guarda. Principalmente ao lembrarmos que esse governo, aliado ao STF, tentou a todo o custo cortar nosso ponto na última greve. Mas, graças a nossa mobilização, e em diálogo com a Reitoria, evitamos os piores cenários: em primeiro lugar, o desconto dos dias paralisados e, em segundo lugar, uma reposição draconiana dos dias parados.

                Nosso grande desafio para 2017 é inverter a atual correlação de forças desfavorável aos trabalhadores. Se em 2016 sofremos grandes reveses, especialmente com uma PEC que condena os serviços públicos por 20 anos de penúria, patrocinados por um governo ilegítimo, em 2017 teremos que recompor a unidade dos sindicatos, movimentos e organizações dos trabalhadores para enfrentar esse governo e seus planos de austeridade. A aprovação da PEC 55/2016 foi um duro golpe. A proposta de mais uma reforma da previdência é um descalabro. Mas 2016 não tem que durar 20 anos, esse não precisa ser o nosso destino: basta os trabalhadores readquirirem a confiança em suas próprias forças e perceberem que podem tomar o futuro em suas mãos.

 

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